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quinta-feira, dezembro 23, 2010

Na tal hora

Há um ano que se aproxima do seu fim.
As horas esmagam-se nos dias que ainda restam,
De um mês tão perto de ser o primeiro.
Houve desejos que se afastaram de mim;
Há um presente que não ofereço, pois é meu por inteiro.


Há um corrupio de gente à procura de sensações;
Oferecendo sonhos vão recebendo paz.
Há estrelas vestidas de luz... numa noite vista de perto;
Há um mundo de vida que Dezembro traz;
Na cor de uma madrugada cheia de emoções.


Crianças invadidas pela inocência da idade,
Têm no sorriso a expressão da alma;
Pequenos corpos iluminados por uma enorme felicidade,
Fazem desses momentos o melhor de quem os ama.


Na tal hora tudo volta a renascer!
À volta da realidade há uma berço de fantasia,
Vai-se cantado em uníssono uma musica a crescer...
A tal hora chegou... é a hora do Natal!

segunda-feira, novembro 22, 2010

Um dia e tu

Não sei como acordas
Não te vejo vestir
Nessas horas tu andas
Mexendo nelas sem fugir.
Agora vejo-te ali!
Acordada para mais uma história
Vestida com a roupa que eu despi
És tu, no meu dia,
Que criei para te inventar.
Não és tu que eu escrevo,
Mas adoro, para ti olhar.
Vendo-te andar por onde vivo.
Olhando o céu e ver-lhe chover
Unir-te as mãos ao vento
Ouvir-te gritar: viver!!!
E à tua pele chamar de tempo!
Respirar tua voz perto de mim...
Desejar teus desejos quentes!
Brincar às palavras contigo...
E perceber que não compreendes,
O porquê de eu ser assim!

domingo, novembro 21, 2010

À Procura do Nome d’um Título.

Deixei de parte a descrição literária de todos os momentos, aqueles que se deixaram e se deixam atrair por uma força concentrada num só momento e que se faz para mim minha vida.
Tentar escrever quando nem a inspiração nem a imaginação conseguem estimular uns milhaozitos de neurónios que sustentam o meu pensamento e dão peso ao meu cérebro, é tão quase igual à diferença que existe entre o que eu sinto e o que eu vejo. A sensação é de impotência quando os elos de ligação não funcionam.
Por vezes, quando não encontro símbolos para os meus pensamentos pergunto a mim próprio o porquê de não ser eu a pensar naquilo que o meu cérebro está pensando. Dá ganas de querer ficar de relações cortadas com o cérebro que carrego todos os dias. O que faço de inato ou de impulso não me cansa, cansando-me sim o que resulta dos actos que faço acontecer por eu ter este fragmento de animal dentro de mim. E se fosse ao contrário? A questão está na perspectiva, ou melhor dizendo, no lado em que analisamos o melhor que pretendemos. A verdade é que a auto-análise geralmente surge após uma reacção impulsiva ou de uma atitude impensada, logo, por vezes ou na maioria das vezes somos mais o que não queremos do que o que queríamos ser.
Arrepia-me só de saber que sem a ajuda do meu crânio encefálico não teria recomeçado essa procura...então desisto desta luta inglória por ser supérflua e rendo-mo aos mistérios da metafísica cerebral.
As vertigens aparecem sempre que fico perplexo a olhar para o que jamais poderá ser alcançado com a visão, só fica a mecânica dos movimentos dos olhos e o paladar mental como de quem deseja saborear uma refeição da qual não sabe se gosta. A vida por muitas vezes acaba por ser uma amalgama de coisas que nós próprios criamos para depois não as sabermos definir.

sábado, outubro 30, 2010

As indefinições do amor

No interior do ser que há em mim, há romantismo,
Não uma corrente literária qualquer,
Mas um desejo que guardo em mim mesmo,
Sem saber bem como, sem compreender.

Por vezes lembro-me de amar,
Não por me ter esquecido de o fazer,
Mas, porque no amor obrigo-me a pensar,
Nas palavras que sinto e naquelas que tenho de dizer.

Amo o silêncio mesmo sem a ausência dos sons,
Assim fico mais perto da necessidade de amar.
Parecendo desperto em pensamentos a sós,
Lá estou eu, outra vez, deixando-me amar.

O amor vem ter comigo e trás consigo indefinições,
Deixa o ar quente ardendo sem lume,
Faz da vulgaridade desse dia um misto de sensações,
Que a paixão desconfia e o amor no seu jeito do costume.

quinta-feira, outubro 14, 2010

O (A) Poet(is)a e eu.

No que sonho ou passo,
É também o que me faz lembrar de ti...
E os meus gritos de amor, cruzando o espaço,
Desaparecem nele, e, amor, sei que te senti.

Eu tenho lido em mim, sei-me de cor.
A imaginar ou a pensar os versos;
E às vezes entre o torpor,
Perco-me nisto, nas coisas sem sons.

Não acredito em nada. As minhas crenças,
Cansa sentir quando se pensa.
Mais do que coisas e muitas outras,
Há uma solidão imensa.

Tênue passar das horas sem proveito,
À descoberta de mim tão perto dos outros.
Tortura do pensar!Triste lamento,
Da voz morta, sozinha em vários espaços.


José António Braga Furtado



Este poema tem nove versos meus, os restantes pertencem a Fernando Pessoa e Florbela Espanca.
Extraídos dos poemas, Isto, Ela canta, pobre ceifeira, Às vezes entre a tormenta, Cansa Sentir Quando se Pensa,Assim, sem nada feito e o por fazer, de Fernando Pessoa; Anseios, o meu mal, Aos olhos d'ele, É um não querer mais que bem querer*,Angústia, de Florbela Espanca; Amor, Dom, O tempo urge, Não são sonhos, Superego, três versos soltos, da minha autoria.

*verso de Camões que serviu de titulo para dez sonetos de Florbela Espanca.

quarta-feira, outubro 06, 2010

Amo as pessoas que sinto

Sinto as pessoas que amo,
Sem pensar na reciprocidade,
Dos nomes, que com a minha voz, não chamo,
Ouço ecos de sensibilidade.


Intervalos de silêncio calmo,
Separam o futuro do passado,
Sinto essas pessoas que amo,
Andam comigo, por onde eu não ando.


Amo as pessoas que sinto,
Sabem as palavras, esta verdade,
Escritas parecem que minto.

Pessoas que amo porque as sinto,
Procuro por elas na abstração da saudade,
E o tempo que levo é-me infinito.

quinta-feira, setembro 23, 2010

Imperfeito

Em alguns momentos da vida o presente faz do pretérito imperfeito!
Exemplo: naquelas situações em que estamos a fazer algo que nos dá prazer, quando inconvenientemente alguém ou alguma coisa interrompe.

quarta-feira, setembro 22, 2010

Saudade de ter saudade.

O melhor da saudade é que quando ela fica, jamais se vai embora. E isso é bom. Há tantas coisas que vão e nunca mais voltam... e se não voltam, fica a saudade?! Confuso!!!

terça-feira, setembro 14, 2010

AmoRoma

A divagação disse-me que o Amor surgiu nos tempos da Roma antiga. Na altura, houve um senhor que por sofrer de estrabismo convergente (os olhos trocados), quando queria dizer que a cidade era linda, disse que o amor era lindo! Ficaram todos a tentar compreender o que ele tinha dito, mas ele nunca encontrou explicação. Ainda hoje perdura essa mítica inexplicação.
Mas, nem tudo foi estupefacção...surgira um novo vocábulo. Foi motivo de festa e de muitas frases virgens, do tipo: " essa cidade é o amoR de todos nós"
Nos dias de hoje, ninguém entende o Amor porque ninguém o sabe explicar. A dificuldade já vem dai! Já Camões dizia que o “amor é cego”, realmente….
Chego à conclusão, que o amor é um sintoma de doenças oftalmológicas.

quarta-feira, setembro 08, 2010

Promoção...

O que faz a grande diferença entre um ser humano (empregado) e um produto de venda, é a palavra - Promoção.
Um produto em promoção é igual a um empregado despromovido!
Quando um produto está em fase de promoção significa que o preço baixou. E quando os produtos sobem de preço, ao invés de ouvirmos falar que os produtos estão em despromoção, chega-nos à audição a palavra inflação.
Quando um empregado é promovido, significa que passará a exercer funções de responsabilidade superior, às quais o seu salário é aumentado.Pois é! A lógica de muitas palavras portuguesas, sofre de uma deficiência genética.

quinta-feira, setembro 02, 2010

1ano

Mexem comigo sentimentos diferentes,
Que eu gosto de escrever, mas não de pensar,
Se deles fizer versos ou frases,
A necessidade de os ler fará me recordar.

Como se o passado fosse uma foto sem tamanho,
Onde inúmeros momentos juntos, como se um fossem,
Fazem da idade, muito do espaço que a mente não tem,
Saudade que me trás, até mesmo quando sonho.

Partiste há um ano quase enganando a realidade,
Estranhei isso, de saber que era verdade,
Despedir-me de ti sem o teu adeus,
Rasgou-me por dentro, perdi vontade...
Os meus pensamentos tornaram-se nos teus.

Um ano depois, estamos os dois aqui neste teu poema,
Como nas brincadeiras que a nossa inocência inventou.
Com lágrimas, com letras...com alma,
Fazes-me gostar de sentir quem sou.

terça-feira, agosto 31, 2010

Roberto defendeu o pênalti ou defendeu-se com o pênalti?

Quando o Júlio levou o vermelho, por meros segundos pensei que aquilo era uma encenação, mas não!
Antes de ele(o Roberto) atirar-se para o seu lado direito e oposto do Hugo, ( fez jus ao seu apelido, apesar da sua deslealdade com o clube que o formou, foi leal para com o Roberto) pensei que caso ele defendesse, o Inferno da Luz, por instantes passaria a céu sem nuvens. A defesa não foi difícil, foi mais fácil do que o momento em que ele entrou em campo. Os adeptos foram uma verdadeira "torcida". Ele não pode se queixar de quem ama o Benfica.
No entanto, continuo com reservas em relação ao sucesso de Roberto, a não ser que em todos os jogos ele defenda pênaltis, e que o Glorioso ganhe sempre... De uma coisa estou descansado, o Hugo Leal não vai ser contratado como Makukula foi, agora resta saber se Roberto vai ser mais um Butt?

sexta-feira, agosto 27, 2010

Sintomas

- Sinto, mas não sei descrever ao certo o que é!
- Ontem não sentias isso, pois não?
- Ontem, não. A sério!
- Olha, a única e última coisa que tenho a dizer-te sobre o que sentes mas não sabes o que é, de certeza que são Sintomas de alguma alteração fisica ou emocional que possas ter!
Sinto+ mas = sintomas. Portanto, definição de sintomas: aquilo que de repente se começa a Sentir, Mas que em simultâneo não sabemos o que é!!!!!!! Ao contrário seria "Massinto", o que não deixa de ser verdade...realmente sentimos! É apenas um quiproquó.

quarta-feira, agosto 25, 2010

Verão (verbo)

O sol imponente lá em cima,
Mostra ao mar que cor o céu tem,
Numa métrica que a natureza rima,
Vejo na maré o que na poesia também.


Vejo nessa água que me molha,
Coisas que o cérebro não raciocina,
Como linhas desertas no papel de uma folha,
Uma confusão que só a liberdade termina.


Verão, de ver, uma estação a acabar,
O calor húmido das ideias solitárias,
Já pedem pelo fresco frio do ar,
Sonham já com o calor das noites frias.


Estranho essa passividade das letras,
Por mais que tenta fazer delas palavras,
O tempo que perco à procura delas,
Deixam-me só, a pensar nelas.

terça-feira, agosto 24, 2010

Aberto ou roberto

Quando soube dessa contratação, confirmo que fiquei com a ideia que o Campeão nacional em título tinha acabado de contratar um guarda redes apenas grande!
Percebe-se que em termos objectivos os "oheiros da Luz" não falharam, roberto mede cerca de 1,94m, mas infelizmente a altura que tem não lhe faz ser uma grande guarda redes. Falta-lhe predicados essenciais para poder defender as redes do Glorioso, eis: poder concentração, tempo de saída nos cruzamentos para a sua área.
roberto não é, nos dias que correm, um profissional com a vida facilitada; pior que a colecção de falhas que já protagonizou, e que as tem, de certeza na memória, é o inferno que se tornará o Estádio da Luz se ele tornar a envergar o manto sagrado. Para bem do Benfica e para o roberto, também, seria ou será a saída imediata quer por empréstimo ou venda ( muito difícil).

Ps- Não escrevi correctamente o nome do guarda-redes em causa porque, irónicamente, só levaria R maiúsculo no inicio, caso ele fosse mesmo um grande guarda-redes.

segunda-feira, julho 26, 2010

O tempo urge

O tempo que tenho para demorar,
A imaginar ou a pensar os versos,
Nessa amálgama de sentimentos,
Não é igual à necessidade de me inspirar.

Vejo-me a correr, enquanto as horas,
Passeiam durante um dia igual,
Como se nada fosse visual,
Como se o tempo não tivesse dias.

Urge dentro de mim o que cá fora não,
Mais do que coisas e muitas outras,
Há pressas que não dizem para onde vão,
Como se o futuro fosse feito de sombras perdidas.


O tempo que também faz-se urgir,
Deixou-me esse espaço para o ocupar,
Como se me pedisse para o amar,
Devagar, mas sem saber como o sentir.

terça-feira, julho 20, 2010

O tempo urge

Não tive tempo para mais...mas hei-de ter!

sexta-feira, julho 16, 2010

No meu cérebro há um lugar inabitado

Há um lugar inabitado no meu cérebro. Estou para o meu cérebro como a natureza está para o sol...ambos são a luz que ilumina o trilho.
Queria eu ser o cérebro do meu cérebro, poder cheirá-lo, tocá-lo, ouvi-lo, olhá-lo e até mesmo conhecer o seu sabor (salve seja!). Mas ele não deixa, é autoritário, ditador...ou faço o que ele manda ou então deixo de fazer o que ele não quer. É mesmo assim. É verdade.
Estou aqui escrevendo devagar, para não fazer muito ruído no teclado, por que senão ele lembra-se de me dizer para eu parar. Chega a ser uma relação hostil, a nossa.
Houve uma manhã, não sei bem qual, mas isso interessa pouco, sei que tinha acordado normalmente, tinha aberto os olhos, ter ficado à espera que a Íris fizesse a leitura óptica, do pequeno espaço que tinha percorrido na noite antes para conseguir estar aonde me encontrava naquele momento, enfim, fiz tudo isso à margem do meu cérebro ( impossível). Bem, no calor dos lençóis a contrastar com a frígida, (nem tanto! dessa descanlendarizada manhã) veio-me aos olhos uma pergunta: o que será que o meu cérebro esteve a fazer enquanto me apanhou a dormir? Um dia destes, quando ele estiver a dormir vou eu fazer o que me bem apetecer, sem ter que lhe dar satisfações... ( também impossível)

terça-feira, julho 13, 2010

Neda Agha-Soltan

Uma luta perene da água solta, na queda,
Corre no leito de um destino etéreo;
Esperando por ele, a memória de uma vida,
Que perdurará num mundo sem receio.

Há votos de luta que a justiça aclama;
Há contos que ficam no esquecimento da história;
Há tardes que matam, bem cedo, a alma;
Na cicatriz fica uma efémera vitória.

Irão eles, os desejos, os medos,
A voz trespassada pela omissão,
Como o ar levado pelos ventos,

Ou o rápido adeus de um coração
Que adormeceu para eternidade,
Descobrindo algures a felicidade.

segunda-feira, julho 05, 2010

É verdade!

Passado quase uma semana à procura de um pensamento, para aqui escrever, acabei por encontrar este.

terça-feira, junho 29, 2010

Se eu nascesse hoje...

O presente não é mais nem menos do que um futuro que não se tem e um passado que já se teve, é o querer progredir nas incertezas das mudanças, recordando a inevitável certeza do que fomos no tempo em que ao mesmo tempo não podíamos ser o que na realidade imediata queríamos...a vida tem tanto de muito como tanto de pouco. O pouco da vida será esperar que ela nos faça; o muito dela, será fazê-la...

Sem querer

A distância que me separa dos espaços que eu nao ocupo é percorrida pela abstração da minha visão. Nesta distância, outras coisas surgem e eu não me distraio...a essas coisas chamo de sensações,devaneios e pensamentos. Ambos juntos não conseguem aumentar a distância que me faz manter perto do sitio que eu quero estar. Entre as milhões de sinapses, que fazem viver o meu cérebro, e o exercicio biológico dos meus olhos, está distância que separa todo o espaço que eu quero ocupar. A Felicidade e a Tristeza são dois espaços que a minha visão percorre, sabendo que o melhor para mim continua a ser a distância que os separa.

sexta-feira, junho 25, 2010

O meu amigo.

Na diferença entre a vida e a morte...
Há momentos!
A vida tem muitos.
Na morte só há um!


Na tua idade encontrei a minha
Nas tuas dores escondi a minha tristeza
Na cor dos meus olhos ia ao fundo dos teus
No teu quarto, muitas vezes a nossa casinha
Homem velho numa jovial nobreza


Conheci-te no mesmo dia em que me recebeste
Desde aí, fui idoso na pele tua que eu não tinha
Fomos sendo o tempo de uma vida que já não vinha
Era eu o movimento da tua voz
Eras tu, o silêncio que me deixava contigo a sós.


Momentos puros de vida no vácuo da morte
Chamam sentimentos que as lágrimas ouvem
São lembranças intimas num único recorte
São imagens que agora, só a mim me pertencem.

sábado, junho 19, 2010

Desfraldar

Vêm os ventos sem avisar a rosa!
Por cima deles, corre um tecto de nunvens,
O azul do céu está na memória do dia anterior,
Há um prenúncio de chuva que tarda,
Na tarde onde as horas lembram o que o tempo tem de pior.

Quando o tamanho das fraldas não têm idade,
Há uma parte do corpo que se esconde na inocência,
De uma criança à procura de identidade,
Ou de um velho, que para viver precisa de paciência.

E o vento empurra o ar com força!
A bandeira segura-se à verticalidade;
E vai dançando a dança que nunca cança...

Bandeira desfraldada como um bébé já sem fralda.
Fazem das palavras, uma procura, demorada, pela curiosidade,
Que termina, com a última rima encontrada.

sexta-feira, junho 18, 2010

De ti, Pedro!

Não vou deixar de pensar no Pedro
Ao pensar nele, sei que ele existe
Todos os dias sem querer o futuro
Penso em ti, e sei que nunca mo pediste


Sei que a realidade, sem ti, perde verdade
Sei que não há forma de voltar a ver-te
Sei que há um mundo de saudade
De ti, de ser impossível esquecer-te


Não quero palavras para tu leres
Tenho-as guardadas para falar contigo
No silêncio, mesmo sem tu ouvires


Deixaste a tua vida na minha forma de viver
Em pensamentos encontras-te comigo
Na ausência deles, nada mais há para compreender.

terça-feira, junho 15, 2010

Não são sonhos

Areia de pedra desfeita, faz o mar erosão,
Embates amiúde abraçam a água com o rochedo;
No ruído prolongado há o silêncio da solidão,
No fundo um horizonte que guarda um segredo.

Entre nós, o oceano que mede a nossa distância,
É também o que me faz lembrar de ti,
Ao meu lado confrontando vontades e paciência,
Deixo-me levar pela linha que separa a terra do céu.

Não sonho com os meus sonhos, penso neles,
Na realidade, nos sonhos nada é meu,
Vivo neles não para sair daqui,
Dessa vida que tanto precisa deles.

Os sonhos que o significado mente,
Muitas vezes adivinham o que a alma sente,
Como monólogos num teatro sem plateia,
Como pedra desfeita que a erosão faz areia.

segunda-feira, junho 14, 2010

O poeta é vadio

O poeta...
Olha como quem não quer ver
Vê sem a necessidade de olhar
Respira como não existisse ar
Vive a vida sem nela viver
O poeta que desaparece
De quando em vez aparece
Escreve sem pensar
Pensa sem sentir
Sente enquanto escreve
O poeta é vadio
Despercebido apercebe-se...
Que a vida é uma foz sem rio.

sexta-feira, junho 04, 2010

Crescer

Foi nesse jeito que cresci,
Trazendo para mim e por mim,
Interstícios em vácuos indecifráveis.
Foi assim desse jeito que cresci,
Na espreita inconsciente de mim próprio,
Recusando na iminência razões simuladas;
Foi assim que fui crescendo.

No frio que as manhãs ditavam,
Renasceu sempre a mesma ideia;
Quase congelada nos subúrbios da mente,
Recebeu, da luz do dia, a transparência:
A claridade pura de quem crescia...
Perpendicular aos pensamentos que ninguém sente

Sempre a crescer...
Um bocadinho por fora, o resto por dentro.
O que fora congelado agora me emudece,
Como um desfecho escondido na sinopse ,
(Que descobrindo-se, não está na história),
De um ser humano que só quer viver.

Já foram frases, a voz que ainda soa,
Outras vozes só servem de palavras
Sintomáticas, como uma pele lívida,
Encostada à periferia de uma ferida.

Há vezes que cresço à toa,
Às vezes sei que não estou crescendo;
Há momentos que às vezes,
Fazem-me dar por mim desaparecendo.

São somente vezes que sem conta,
Dão-me a conhecer aquilo que ainda não sei,
Partes de alguém que aparece,
Como uma sombra que nem o sol nota,
Que se vai sabendo enquanto cresce,
Nesse mundo rabiscado de sonhos.

terça-feira, junho 01, 2010

Ser criança

Aquela voz ténue de pulmões pequenos,
Chamam a vida de criança,
São corpos por crescer,
Que queremos ver,
Devagar, como se essa idade não tivesse anos.

Ser criança não é não ser adulto,
Ser criança é mais do que ser outra coisa qualquer.
É viver o tempo sem que os dias existem,
É ter no pai as regras e o dever,
Ter uma mãe, para cada sentimento solto.

Cria ânsia só de os ver como eu fora,
Criança num passado onde o futuro não havia,
Há uma porta enorme nesta casa que é o mundo,
Janelas não faltam e também alegria,
Que elas nos oferecem, todos os dias, a qualquer hora.

Entra nas janelas, desta casa, a luz vinda,
Dos seres humanos que nos são tudo,
Nesta casa redonda que gira, nada se finda...
Há, em ser criança, o que em mim nunca se vai embora...

Esperando por mim

A rua estende-se no sentido oposto,
A luz atónita vai iludindo a natureza,
Faz da calçada húmida, algo sem rosto,
Uma imagem desnatura e sem destreza,

O frio crepuscular de uma noite anunciada,
Entranha-se nos poros da pele desprotegida;
Sinto-o como uma sensação inacabada,
Como um pensamento sem fala.

O andar conexo à rigidez da anatomia,
Equilibra todo o suplemento de uma existência,
Que se ignora e suspende- se numa via,
Que se desvanece e se recria.

Esperando, aqui estou, por mim, em silêncio;
No fundo dessa via inanimada,
Imerso na escuridão que traz o tédio,
Quando os dias, por pouco, valem nada.

Tudo passa, até eu me passo,
A relatividade do tempo por vezes incomoda,
Se preciso de tempo, ele esgota-se num traço,
Se for supérfluo, até a realidade desprende-se da vida.

Esperando por mim, enquanto não chego,
Estou numa viagem incompleta,
Não sei quando volto nem sei se fui,
Mas quero esperar por mim,
Abraçar-me, segredar-me o ego,
Esperarei por mim com saudade,
Quando chegar, será o fim.

sábado, maio 29, 2010

No silêncio de um poema.

Nas horas iguais, numa madrugada qualquer
Ao redor de uma lâmpada fundida
Os vidros esbatidos, desunidos
Inofensivos, parecendo derreter

Lembro-me da luz vinda dessa lâmpada
Todos os dias numa simples magia
Coloria numa cor alaranjada
Aquela omissão de ruído que só eu queria

Num dia igual, numa hora qualquer
A luz parecia triste, não era a mesma
As sombras no quarto nem se viam sequer
O quarto perdera algo do seu carisma

A janela meiga recebia o Co2 do silêncio
Para cá da vidraça só havia baço
Naquele instante era o único sitio
Para poder deitar todo o cansaço

Na manhã de uma data qualquer
Acordei desamparado no mistério das horas
A lâmpada estivera acesa e estafada
Nessa noite fria, até me fez aquecer
Mas a inconsciência de uma imagem sonhada
Fez com que o silêncio se tornasse algemas.

Procurei nos amarrotados cobertores
A razão de todo aquele silêncio
A resposta não queria favores
Quando dei por mim era a luz do dia
Que iluminava o quarto, e a lâmpada morta
Nada havia a fazer senão pensar a frio….
Fora um pesadelo numa vida abstracta!

A lâmpada “morreu” enquanto o pesadelo crescera?
O calor que senti, não foi da luz
O silêncio que ouvia não era no quarto…
Ou a lâmpada fundira-se no crescer desse poema?

quarta-feira, maio 26, 2010

Mente airosa e verdadeira

Não como uma estátua, mas de pé como homem,
Imóvel, não fujo da água que cai sobre mim
Como se esta chuva viesse de uma fonte
Como se essa fonte fosse a minha inspiração

Há noites que parecem não pertencer aos dias
Não é o sol que as separa, não é a lua que as une
É uma estranha inexistência, como uma cidade sem ruas
De uma vida escondida nos becos que a mente tem

Mente airosa e verdadeira
Essa coisa minha que é forte
Não é um amor, vai ser sempre uma paixão

Airosa e verdadeira, a minha mente
É maior que uma noite inteira
É maior, muito maior que a imensidão

terça-feira, maio 25, 2010

Quando olho para cima... vejo o chão.

Se o gerúndio inexistisse, eu não vivia...
O passado é mar, é o barco do tempo!
O presente só lembra a surpresa do momento;
O Futuro são outras verdades de um só dia,

Ter que sorrir com vontade de rir;
Ter que pensar com vontade de sentir;
Ter que ficar com vontade de ir;
Ter que viver com vontade de sonhar.

Inclina-se o sol, e a lua descobre as estrelas...
O refúgio de um sossego inventado.
Horas que me vestem de tempo e de sequelas,
Paz soterrada nos confins do indesejado.

A imaginação, dissimulada, alimenta-se da tristeza;
Estar alegre distancia-me da inspiração.
Na desconcentração, a consciência torna-se uma presa,
E a realidade faz da vida uma ficção.

Tenho-me do avesso, não me vejo,
E se me invejo, sinto emoção.
Este ar frio que não sai do peito,
Nesse espaço que há entre mim e o chão.

sexta-feira, maio 21, 2010

O vão da natureza.

Procuro no vazio o meu espaço.
O tempo numa Natureza incolor,
Desvenda o verde no meu rosto escasso;
Os olhos de um desejo, de um amor.

Respiro o ar que me toca, o ar que eu não vejo,
Enquanto o chão leva-me na gravidade do meu mundo,
Ouço a tua distância na ânsia de um beijo...
Ali fico, sentado, cabisbaixo, suspirando bem fundo.

Vão eles no vão da Natureza,
Fico eu aqui, nesta rua longe de mim,
Onde as casas parecem árvores; os frutos as janelas...
Confesso ao silêncio com subtileza:
-Ó silêncio, por ela o meu amor jamais terá um fim!

Invado, num espaço, o meu vazio...
Naquela água do mar, vejo o azul escuro do céu,
Imaginando-te de perto, ao ver-te os olhos, olho-te a alma,
És o cobertor nesta noite de frio
O espaço ocupado que não é meu,,
Sem ti, sou uma mão sem palma.

O tempo quando escurece, não é o tempo da vida,
São tempos diferentes, juntos no mesmo momento,
Que chamam por mim, na voz do vento,
Nos versos soprados pela saudade caída.

terça-feira, maio 18, 2010

As figuras que a linguagem faz.


Não é do som que a linguagem vive,
É da necessidade de sair do silêncio,
Onde tantos sentimentos juntos, significam solidão,
Onde no corpo colado à pele, ainda bate o coração.


Na timidez do dia, vislumbram-se beijos,
Sem que o sol os veja, sem que a lua os oiça,
Há lábios que se colam a desejos,
De uma linguagem, sem ser uma crença .


Figuras que as palavras fazem,
São diferentes daquelas, as faciais,
No pleonasmo das rimas, os outros lêem,
Sentidos trocados como sinestesias.


Morre a vida como a noite mata o dia,
Hipérboles que pedem por eufemismos,
Na estranha sombra, numa noite fria,
Há metáforas que me lembram sonhos.


As figuras que a linguagem faz,
Encontram-me a sós com as letras,
Peço a elas sinónimos de paz,
E delas recebo asas.

domingo, maio 16, 2010

Nada!



Aproveito o interregno que ilumina o tédio de se ser cidadão, para querer falar sobre nada! Não é fácil reflectir sobre nada, é um tema deveras complexo. Consegue ser simultâneamente dúbio e objectivo,ora então não fosse...O termo "nada" por si não tem qualquer significância existencial, apenas mental, entretanto por vezes se pode confundir com "vácuo" ou "vazio". No entanto, neste últimos dois termos referidos, existe algo: - no "vácuo" existem campos magnéticos, eléctricos, luz, ondas, campos gravitacionais...enquanto que no " vazio" existe, como é lógico um espaço por ocupar.
Todavia, e para alimentar ainda mais a clarividência, o verbo nadar, na 3º pessoa do presente do indicativo lê-se "nada".
A conclusão que eu retiro, (antes que volte o tédio!) em relação a essa cogitação, é, na verdade,simples e sintética: 4 letras; 2 "ás"; 1 "d" e 1 "n" de nada!
Por ironia do idioma, é na língua portuguesa que o "nada" efectivamente existe como realidade física e operação mental. Nomeadamente no Verão e para quem pratica natação. Mesmo que um nadador nada saiba sobre o "nada", o melhor para ele é saber que nada bem!

Que confusão com uma palavra inócua...que se lixe...não havia mais nada para fazer.

sábado, maio 15, 2010

Imaginação desinspirada



Se muitas vezes a lógica não está no abstracto,
Há abstracto desfeito na fluidez da lógica.
Vejo na tua voz uma folha que se deixa seduzir pelo mar,
Palavras que falas e eu ouço como se o sentido fosse o tacto,
Visão que me prende ao magnetismo do teu olhar.

Ando por onde andam as pessoas que não me vêem,
Deixo ficar a minha voz em sítios desertos de gente.
Passeio prosas em ruas que parecem versos,
Vejo coisas em coisas que outros olham.

Nas cores diversas que me ficam aquém;
Deixo a inspiração absorvê-las em algo que só se sente,
Penso nelas como se elas fossem partes de restos,
Que a imaginação procura em palavras que se escondem.


Desinspiração imaginária é o refugio dos sentidos,
As imagens desfazem-se cá dentro como aqui fora,
Há uma vontade de reinventar pensamentos perdidos,
Mas esta imaginação desinspirada, ainda demora.

sexta-feira, maio 14, 2010

Chão, Mar.



Nesse fundo de mar, há mar,
Neste chão de terra, há gente.
Do mar, vem o desejo de voltar,
Da terra, fica a saudade que se sente.

Sou imigrante nas palavras que escrevo,
Dessas palavras que lêem, sou emigrante...
Madrugada, mãe dos dias que revivo
Frio mudo! só de gestos me faz falante.

Oceano que separa o céu que nos aproxima!
Chão que treme no sossego da natureza,
Agita as almas, esquecem-se problemas,
É o vale da vida, uma rua para baixo, outra para cima.

Porto Formoso, porto do mar, chão de terra formosa.

segunda-feira, maio 10, 2010

Quando a grandeza de um clube se confunde com a de um país !


Por menos de 24 horas o Benfica não se sagrou campeão nacional no dia em que comemoro 30 anos de existência. O Sport Lisboa e Benfica "só" tem mais 2 títulos de campeão que a minha idade, o que não deixa de ser relevante.
Ser benfiquista faz parte da minha forma de ser pessoa!
Numa só voz : O CAMPEÃO VOLTOU!

terça-feira, maio 04, 2010

As minhas mães ou os meus pais!...?

Cada vez mais, mais gosto das palavras que me fazem falar português.
Entre o latim e o grego, há uma mescla de vocábulos que moldam a língua portuguesa. A semântica muitas vezes diverge quando para uma mesma palavra a sua etimologia é diferente.
A palavra Homossexualidade, por exemplo, nada tem de parecido com homo sapiens se não repararmos no termo Homo, em ambas.
Ser homossexual é ser igual no grego e ter sexo no latim. Se o étimo dessa palavra tivesse origem, somente, no latim, significaria que um homem sexual ou pessoa sexual podia ser sintetizada num só vocábulo: homossexual.
No entanto, para se ser considerado homossexual basta (simplesmente) sentir toda a metafísica do amor, por uma pessoa que, por coincidência, tem o mesmo órgão genital. É bom lembrar que amor não precisa de órgãos genitais para poder penetrar ou ser penetrado nas ou pelas emoções de um ser humano.
Para os casais homossexualmente maternos a discriminação lexical vai permanecer no cimo do púlpito, pois, se observarmos, no caso dos casais homossexualmente paternos, o filho ( biologicamente só de um), pode falar, que os seus pais são os melhores pais do mundo, tal como os filhos dos casais sexualmente heteros. O que não pode acontecer com um filho de "duas" mães. Deste modo, para quem seja ou venha a ser filho de "dois" pais, tem na língua portuguesa uma simbólica protecção discriminatória.
Cada vez mais, mais gosto das palavras que me fazem falar português.

sexta-feira, abril 16, 2010

Dom

Não é dom isso que tenho,
Quando um poema chama por mim.
Não sabe ele de onde venho,
Sabem os versos que a poesia é mesmo assim.

Não nasci poeta nem cresci.
No silêncio branco dos meus dias,
O presente que tive eu não perdi,
Hoje é o que dá sabor às minhas ideias.

Desse lugar de onde chego,
Oco de tudo em que se possa tocar,
Movem-se sentidos de um passado cego.

Paulatina, essa fala que vive sozinha.
Ouço-a como uma vontade de imaginar,
As palavras de uma mãe que nunca foi minha!

terça-feira, abril 13, 2010

comprimido

A língua portuguesa tem particularidades que me fazem divertir.




Um comprimido tomado faz descomprimir os sintomas de mau-estar. E eu pensava (ironicamente) que uma das formas para se descomprimir era deixar de tomar comprimidos.
O comprimido é uma espécie de paradoxo medicinal. Ao ingerirmos uma forma sólida de pó comprimido, à medida que esse pó se vai descomprimindo no organismo, em simultâneo a pessoa sente-se mais descomprimida. Bem, para aqueles seres humanos introvertidos , sentimentalmente comprimidas, uma boa dose de quiproquós,à portuguesa, na ementa da vida, faz o mesmo efeito de um qualquer fármaco(comprimido), com receita ou não.

sexta-feira, abril 09, 2010

Não ser do Benfica, não fica bem!

Depois das duas grandes ou pequenas ( um penalti não tem perímetro) penalidades não assinaladas, no estádio da luz, claro que em Anfield o meu BENFICA iria jogar sob o efeito de uma vitória dissimulada, que é vencer em casa por 2-1 em competições europeias. Podiam ser 4 a 1, respeitando a eficácia de Cardozo e a clarividência de um ser humano, que corre dentro de um campo de futebol e não é jogador.
Falam da pressão que é jogar num estádio com capacidade para 45.000 adeptos, que cantam em uníssono "You'll Never Walk Alone",eu lembro - e jogar num estádio com capacidade para 65.000 adeptos que estão de corpo, alma e espírito com a equipa, que gritam, que berram, que choram, que têm no estádio, a luz que ilumina todo um povo, mais do que fazer pressão fará impressão a qualquer jogador.
O Liverpool é um clube não ecléctico, que joga neste momento para segurar a entrada, pela porta de trás, na liga dos campeões. Já não é campeão nacional há ,apenas, um ano a mais que os 18 do F.C. Porto e dois mais que os 17 do Sporting C.P.
O SPORT LISBOA e BENFICA, por sua vez, está na liderança do campeonato nacional, já venceu a taça que liga o álcool ao futebol, por isso é denominada - taça da liga, enfim... e a liga de futebol está ligada a quê? para os mais distraídos, está ligada a uma palavra que começa por um C e tem um til lá para o fim.
Quanto ao jogo de ontem, O BENFICA entrou bem, notava-se que não estavam a jogar em casa, somente, porque os adeptos cantavam " vocês nunca caminharão sozinhos" em inglês, o refrão, de uma canção, adoptado pelos adeptos do Liverpool. E Pluribus Unum é esteticamente histórico, difícil de ser cantado, mas um lema poderoso.
O BENFICA apresentou futebol de uma equipa que se sente líder de um país, coisa que o Liverpool não fez, por não o ser desde há muitos anos. Jogou na expectativa do contra ataque, teve a sorte de não falhar nas poucas oportunidades de golo que dispus.O resultado apenas explica que, por vezes, a equipa que perde é aquela que jogou melhor.
Obrigado, BENFICA, por me ofereceres momentos de grande alegria, de entusiasmo, de orgulho. Agora só falta vencer 4 jogos e gritar: "O campeão voltou!"

quinta-feira, abril 08, 2010

Sinais

São resquícios, essa coisa que não sei chamar;
Entre o querer e o azar de não poder,
Vou encontrando interpretações, sem saber,
Se devo esquecer ou então lembrar.

Será o destino a cruzar-se comigo
Ou são acenos de outra realidade.
Um clarão que ilumina o escuro de um abrigo
Ou a lenta sombra da saudade.

Sinais que surgem do quase nada,
Fazem parecer o que outras vezes pensei,
Como se as estrelas viessem de uma noite inventada.

São sinais que quero descobrir,
Fácil, será aceitar o que ainda não imaginei;
Difícil, vai ser deixar de os perseguir.

quarta-feira, abril 07, 2010

Retratar...

Se reencontrar é tornar a encontar, se tornar a lembrar é relembrar, se reviver será voltar a viver momentos de uma experiência passada ... rematar é tornar a matar? Se assim fosse, todos aqueles que rematam num jogo de futebol estavam a "matar" um jogo já "morto" !Mas quem mataria um jogo de futebol mesmo antes de ele começar? Escutando a realidade, não é dificil de imaginar...

sábado, março 27, 2010

Para falar do futebol português é necessário ter muito sentido de humor.

Quando, ao som da rádio ouço o relato de um jogo de futebol (não interessa agora qual a estação) sempre que a bola ultrapassa a linha de golo, sai-me da alma um grito...um grito que devasta o ar, uma exaltação sem fim, uma emoção sem descrição...é golo do Sport Lisboa e Benfica!
Em Portugal, o golo não é sentido como sendo a parte mais importante de um desporto. Antes e depois de um jogo de futebol há também vários jogos de bastidores, há uma celeuma de acontecimentos que descaracterizam a verdade desportiva. O que mais espanta é que qualquer pessoa, que esteja minimamente atenta aos meandros do futebol português, consegue perceber que há sintomas de uma doença crónica.
A máxima : "Contra factos não não há argumentos" , vive momentos de angústia, ora não existisse tamanha contradição, quando se nota a olho "despido" que contra argumentos não há factos! É verdade, vivemos na era da argumentação. Os factos só servem para criar argumentações. A justiça em Portugal não é literal, carece, passe a redundância, de justiça!
Nos comentários ao futebol "dentro das quatro linhas" utiliza-se muito a expressão -" Não há justiça nos resultados, ganha quem marca!", pois é, o problema é que fora das quatro linhas embora não se marque golos, a justiça nem vê-la!
Com muito humor, a melhor forma de se fazer justiça neste país é marcar golos, e mais golos, mesmo que o auxiliar assinale fora de jogo, há sempre mais um golo para marcar.

segunda-feira, março 22, 2010

Amor

Quando procuro saber se sabes aonde estou
Nem sempre sou o que há para encontrar
O Amor que é lido nos meus olhos
São contos velhos que de ti fazem-me lembar

O Amor...um mergulho irracional na densidade do mar
O sentir frio da água, na afónica aceitação do nosso interior
O regresso sufocante num desejo selvagem de ar
Como se noutra dimensão existisse esse Amor

O Amor... uma imagem sem nexo
O reflexo ampliado da amizade
Uma pintura nua, sem idade

O Amor é ... o que quem ama quiser
Amo a vida sem saber se ela ama-me
Mas amo-a , e lutarei por ela até morrer!

domingo, março 14, 2010

Esconderijo da voz

Tenho a voz presa algures sem fim
No ar soletro as letras que já não me fazem pensar
Aqui na memória fica um sonho perto de mim
Vozes imersas pedem-me para não falar

Só esse soneto conhece as palavras que não têm voz
Aquelas manhãs em que só a noite faz sentido
Horas que se desprezem e me deixam a sós
Com a minha voz condensada num grito entorpecido

É uma voz que me compensa e distrai
A mesma voz que chorei quando ao mundo vim
Do meu peito veio, no ar se vai

Sem ela eu não ouço o que penso
Ela sem mim esconde-se no silêncio de cada verso
É uma voz. É a minha voz. O som escondido em mim

sexta-feira, março 12, 2010

Um sistema sem eco.

O mundo é o ecossistema da humanidade, o maior e verdadeiro habitat de todos os seres vivos.
A procura da qualidade de vida é um objectivo comum entre todos os seres humanos; somos nós, que temos capacidade para agir de acordo com a ética, e com ela tentar nunca beneficiarmos em detrimento de todos os outros organismos vivos.
Actualmente e, pese embora, a ciência da Ecologia já ter mais de um século, a verdade é que o equilíbrio entre todos os seres vivos e o meio ambiente é deveras muito relativa. E essa ciência só vem alertar as pessoas quando essas não agem adequadamente, com os princípios morais .
Hoje em dia, nada se faz na ausência de interesses ocultos, e aqueles que têm o poder em sua mão, conseguem superar todas as éticas.
O importante é haver consciensalização, compreendendo que o que é realizado pelo Homem acaba sempre por ter efeitos positivos e negativos, e é nesse antagonismo de valores que se deve encontrar o equilíbrio entre o que foi realizado e o que deixou de existir.
Se oferecermos à Ecologia um significado inflexível de como se deve encarar todas as atitudes do Homem na terra, então aí estaremos a por em risco o nosso equilíbrio mental.
Ninguém é dono da razão e a razão nunca é indiscutível, por isso e por tudo o que sucede no mundo actual, é natural que se acendam fogos de opiniões diversas e divergentes quando e com ajuda de meios tecnologicamente mecanizados, destrua-se uma paisagem para se conceber outra.
Entre essas duas paisagens, uma na qual já ficou na memória, alimentar-se-ão apreciações controversas, que entretanto mais controversas se tornarão quando num futuro curto, aqueles que defendiam a primeira paisagem irão proteger a segunda, da qual forma críticos, quando uma terceira surgir. Portanto, a facilidade de nos habituarmos às mudanças que a evolução da vida gere, é o essencial para que se conclua que a vida na terra divide-se entre o sobreviver dos animais irracionais e e o viver dos racionais... e somos nós os dominadores.

terça-feira, março 09, 2010

Liberdade de uma idade liberta

O conceito - liberdade -, convive tangencialmente com a ilusão de nos acharmos livres.
A realidade tornou-se subserviente à constituição das leis.
Existem leis que mais parecem slogans, que criam a ideia persuasiva de uma justiça capaz de cumprir com a sua própria dignidade institucional.
A selva está mais próxima de nós do que a imaginação está dos nossos pensamentos... continuarão os mais capazes, sobreviverão os mais resistentes, pena é, que apenas não exista uma única lei: a lei da Natureza... Darwin pensara somente na evolução animal.
A evolução do Ser Humano rege-se nos mesmos parâmetros, a única diferença assenta no facto dos animais selvagens não necessitarem de dinheiro para poderem sobreviver. Assim sendo, quem estiver mais próximo do acesso ao dinheiro, irá sobreviver e, passar essa riqueza para gerações posteriores. No futuro, só existirão famílias abastadas de dinheiro.
Existirão famílias enriquecidas de forma selvática, desumana... enfim, completamente enriquecidas ilegal, injusta e impunemente.
Eu vou ser uma espécie de búfalo a resistir na travessia do rio amazonas ou noutro qualquer, repleto de crocodilos esfomeados...apesar de ir conseguindo, há sempre mais rios para atravessar e outros tantos dentes que procuram matar a fome...matando!

segunda-feira, março 01, 2010

O Desemprego

Estar desempregado é mais do que não ter emprego. É um tédio sem hora de entrada nem saída!
Os números que marcam os dias do tempo são iguais aos números do dinheiro que não se ganha. Cada dia que passa não tem história.
Viver à procura de emprego, actualmente, está na moda. Eu sou um procurador do emprego, procuro umas vezes desmotivado, outras vezes com pouca motivação, porque na realidade o que me motiva é a remuneração vinda do trabalho.
Eu sou um procurador de mim mesmo, procuro-me várias vezes, sem que nessas vezes eu esteja perdido, faço-o porque gosto de me encontrar, quando essa é a única razão para estar bem comigo. Ninguém pode fazer isso por mim.

sábado, fevereiro 20, 2010

Pensar sobre viver

Quando penso que em nada estava pensando,
Sinto nos olhos as rugas do cérebro;
Ficam fixados no centro do abstracto:
Aí sou eremita do que me lembro,
Aí sei que o tempo pára e sou eu que ando.

Sou transeunte nas ruas da vida;
Sou boémio nas noites de ninguém;
Sou um animal que raciocina emoções;
Sou emoções em instinto animal.

Não sou presente, sou futuro sem lida,
Faço da vida o que de mim quero também.
Comigo tenho um, na vida tenho vários corações;
Sou o transeunte boémio numa vida "malina".

Faço das lágrimas o líquido que sacia a sede,
Aquela vontade de beber o impossível,
Aquele desejo intemporal, aquela metade,
Que sempre existe , quando se é sensível.

Continuo a pensar sobre viver...
Estar vivo, não é o mesmo que ir vivendo,
Viver é ver mais do que eu já vi,
É sentir mais do que os pensamentos;
Ir vivendo é ver o que se está perdendo,
É pensar mais que os sentimentos.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Topadas da Idade

Intrometo-me em conversas de adultos,
Vivo uma mão cheia de troças.
Ando nas ruas de pés descalços;
No Inverno, de calções e de botas,
Na Primavera e Verão, de "golã".
P'ra Igreja, inocentemente bem vestido...
Sentado, sossegado, Jesus e a sua oração.
(Naquele lugar nada é divertido!).
Cedo em casa, regras sem prazo;
Vestir o pijama, antes de dormir, rezar...
Misturar os pés, o frio não aquece.
Leis semeadas num vaso!
Finalmente livre, sonhar!
O sonho finda-se e o dia aparece,
Vestir à pressa que agora é real!
Bom dia "pfessora"! (falta-me as peúgas?).
Estes números só me fazem mal,
Cálculos de giz, educação severa,
Por mim criavam bolor;
Prefiro as letras às contas,
Se morressem era uma favor!
Mas isto nunca mais acaba? Que horas são?
Sapatas boas, mas de solas rotas.
Meus pés parecem blocos de gelo,
(Se calhar racham e eu fico aqui),
(Na mesma sala até amanhã),
(Não pode, seria um pesadelo),
Ignora-te, tu sabes!
Que chatice, estes trabalhos de casa,
Resultados na ponta de um lápis,
Perguntas de surpresa,
Se eu fosse grande saía daqui,
Apagava os menos , os mais e os dividir,
Escrevia o que estou pensando,
(Com eles só penso em fugir),
Não posso, a realidade não saí dali,
Uma verdade que vai fatigando,
Ela obriga-me e eu não gosto!
Se eu nascesse com a idade que vou ter?
Não sentia as lágrimas no rosto,
Tinha na voz o poder,
De abrir os braços e rasgar,
Atirar sebentas p'ró fogo,
Ter raciocínios para gastar,
Neste tom que me mandas calar!
Sabes, ser criança não é um cargo,
É apenas uma questão de tempo.
Hás-de ver na pele as tuas rugas,
Nas unhas, as topadas da idade,
No recreio, as famosas brigas,
Dos meninos da ruindade.
No chão, vidros de um copo,
Nas orelhas avisos de um pai,
Nos retratos atitudes de uma era,
No cabide, a camisa que já não cai...
Traz à saudade uma vida também,
Que mesmo agora, quem me dera,
Vestir as roupas que já não me servem.

segunda-feira, fevereiro 15, 2010


Ao encontro de sílabas


Ao encontro de sílabas para um verso solto
Ando na companhia da minha solidão
Não percebo quando volto
Não sei se procuro em vão


A caminho de um sitio longe
Corro, a fugir da pressa
Já longe... nem sei que dia é hoje
Dentro de mim só a saudade regressa


Sílabas soltas fogem-me deste poema
Como se o poema fosse eu
Como se as sílabas fossem um lema


Ao encontro de sílabas para um sonho
Procuram os meus olhos, no céu
A poesia que sinto e tenho.

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Mente

Se um ser humano faz da mente o sustento da personalidade, é verdade que quanto maior for o exercicio da mente mais fácil será utilizar inteligente(mente) a mentira. Digo isso, porque a terceira pessoa, do singular, do verbo mentir no presente do indicativo, não é propriamente uma pessoa para se poder confiar, embora a mente seja um dos grandes requesitos da sua personalidade.

O Casamento

Grande parte da população urbana vive em apartamentos. Uns por cima dos outros, têm na letra T o tamanho de um lar que pode, muito bem, ter mais que 3 pessoas a viver nele, mas ser um... T3.
Com a construção avassaladora de edificios ( substantivo coletivo de apartamentos) fica cada vez mais dificil olhar para o céu e não ver janelas.
Para quem viva num apartamento, no 5º andar, será mais fácil sonhar alto?... Ver o mundo de uma prespectiva preveligiada...ficará o céu mais próximo? Para os religiosos fanáticos, será uma ótima (acordo ortográfico!) oportunidade para sentir O Deus tão perto? Sei lá!
Para aqueles que como eu, vivem (ainda) numa casa convencional, com tecto, com quintal, sem o epíteto T?, enfim, para essas pessoas ainda faz algum sentido semântico, sonhar em casar. Casar/casamento deriva do radical casa. Que interessante!
Num contexto mais urbano, para quem queira contrair matrimónio e vá viver para um apartamento, talvez fosse divertido alterar o vocábulo - casar - para « apartamentizar», ficando a palavra apartamento com o mesmo significado de casamento, nos contextos respectivos.