A rua estende-se no sentido oposto,
A luz atónita vai iludindo a natureza,
Faz da calçada húmida, algo sem rosto,
Uma imagem desnatura e sem destreza,
O frio crepuscular de uma noite anunciada,
Entranha-se nos poros da pele desprotegida;
Sinto-o como uma sensação inacabada,
Como um pensamento sem fala.
O andar conexo à rigidez da anatomia,
Equilibra todo o suplemento de uma existência,
Que se ignora e suspende- se numa via,
Que se desvanece e se recria.
Esperando, aqui estou, por mim, em silêncio;
No fundo dessa via inanimada,
Imerso na escuridão que traz o tédio,
Quando os dias, por pouco, valem nada.
Tudo passa, até eu me passo,
A relatividade do tempo por vezes incomoda,
Se preciso de tempo, ele esgota-se num traço,
Se for supérfluo, até a realidade desprende-se da vida.
Esperando por mim, enquanto não chego,
Estou numa viagem incompleta,
Não sei quando volto nem sei se fui,
Mas quero esperar por mim,
Abraçar-me, segredar-me o ego,
Esperarei por mim com saudade,
Quando chegar, será o fim.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Faça das teclas o seu pensamento...