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quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Topadas da Idade

Intrometo-me em conversas de adultos,
Vivo uma mão cheia de troças.
Ando nas ruas de pés descalços;
No Inverno, de calções e de botas,
Na Primavera e Verão, de "golã".
P'ra Igreja, inocentemente bem vestido...
Sentado, sossegado, Jesus e a sua oração.
(Naquele lugar nada é divertido!).
Cedo em casa, regras sem prazo;
Vestir o pijama, antes de dormir, rezar...
Misturar os pés, o frio não aquece.
Leis semeadas num vaso!
Finalmente livre, sonhar!
O sonho finda-se e o dia aparece,
Vestir à pressa que agora é real!
Bom dia "pfessora"! (falta-me as peúgas?).
Estes números só me fazem mal,
Cálculos de giz, educação severa,
Por mim criavam bolor;
Prefiro as letras às contas,
Se morressem era uma favor!
Mas isto nunca mais acaba? Que horas são?
Sapatas boas, mas de solas rotas.
Meus pés parecem blocos de gelo,
(Se calhar racham e eu fico aqui),
(Na mesma sala até amanhã),
(Não pode, seria um pesadelo),
Ignora-te, tu sabes!
Que chatice, estes trabalhos de casa,
Resultados na ponta de um lápis,
Perguntas de surpresa,
Se eu fosse grande saía daqui,
Apagava os menos , os mais e os dividir,
Escrevia o que estou pensando,
(Com eles só penso em fugir),
Não posso, a realidade não saí dali,
Uma verdade que vai fatigando,
Ela obriga-me e eu não gosto!
Se eu nascesse com a idade que vou ter?
Não sentia as lágrimas no rosto,
Tinha na voz o poder,
De abrir os braços e rasgar,
Atirar sebentas p'ró fogo,
Ter raciocínios para gastar,
Neste tom que me mandas calar!
Sabes, ser criança não é um cargo,
É apenas uma questão de tempo.
Hás-de ver na pele as tuas rugas,
Nas unhas, as topadas da idade,
No recreio, as famosas brigas,
Dos meninos da ruindade.
No chão, vidros de um copo,
Nas orelhas avisos de um pai,
Nos retratos atitudes de uma era,
No cabide, a camisa que já não cai...
Traz à saudade uma vida também,
Que mesmo agora, quem me dera,
Vestir as roupas que já não me servem.

1 comentário:

  1. Eu pelo menos acho ,que estas a dizer a verdade.
    E eu tambem acredito que quando for maior quero vestir as roupas que ja nao me servem.

    um abraço da Luana Bulhoes

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