Tenho a voz presa algures sem fim
No ar soletro as letras que já não me fazem pensar
Aqui na memória fica um sonho perto de mim
Vozes imersas pedem-me para não falar
Só esse soneto conhece as palavras que não têm voz
Aquelas manhãs em que só a noite faz sentido
Horas que se desprezem e me deixam a sós
Com a minha voz condensada num grito entorpecido
É uma voz que me compensa e distrai
A mesma voz que chorei quando ao mundo vim
Do meu peito veio, no ar se vai
Sem ela eu não ouço o que penso
Ela sem mim esconde-se no silêncio de cada verso
É uma voz. É a minha voz. O som escondido em mim
Transcrito para: Ser pessoa sem ser Fernando no nome.
ResponderEliminarAmor é fogo que arde sem se ve
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
"Luis de Camões"
Obrigado, Silva,
ResponderEliminarO Amor é mesmo um grande paradoxo. Mas ainda bem, porque assim fica mais fácil de sentir, embora dificil de pensar.