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domingo, março 14, 2010

Esconderijo da voz

Tenho a voz presa algures sem fim
No ar soletro as letras que já não me fazem pensar
Aqui na memória fica um sonho perto de mim
Vozes imersas pedem-me para não falar

Só esse soneto conhece as palavras que não têm voz
Aquelas manhãs em que só a noite faz sentido
Horas que se desprezem e me deixam a sós
Com a minha voz condensada num grito entorpecido

É uma voz que me compensa e distrai
A mesma voz que chorei quando ao mundo vim
Do meu peito veio, no ar se vai

Sem ela eu não ouço o que penso
Ela sem mim esconde-se no silêncio de cada verso
É uma voz. É a minha voz. O som escondido em mim

2 comentários:

  1. Transcrito para: Ser pessoa sem ser Fernando no nome.



    Amor é fogo que arde sem se ve

    Amor é fogo que arde sem se ver;
    É ferida que dói e não se sente;
    É um contentamento descontente;
    É dor que desatina sem doer;

    É um não querer mais que bem querer;
    É solitário andar por entre a gente;
    É nunca contentar-se de contente;
    É cuidar que se ganha em se perder;

    É querer estar preso por vontade;
    É servir a quem vence, o vencedor;
    É ter com quem nos mata lealdade.

    Mas como causar pode seu favor
    Nos corações humanos amizade,
    Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

    "Luis de Camões"

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  2. Obrigado, Silva,
    O Amor é mesmo um grande paradoxo. Mas ainda bem, porque assim fica mais fácil de sentir, embora dificil de pensar.

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