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sábado, fevereiro 20, 2010

Pensar sobre viver

Quando penso que em nada estava pensando,
Sinto nos olhos as rugas do cérebro;
Ficam fixados no centro do abstracto:
Aí sou eremita do que me lembro,
Aí sei que o tempo pára e sou eu que ando.

Sou transeunte nas ruas da vida;
Sou boémio nas noites de ninguém;
Sou um animal que raciocina emoções;
Sou emoções em instinto animal.

Não sou presente, sou futuro sem lida,
Faço da vida o que de mim quero também.
Comigo tenho um, na vida tenho vários corações;
Sou o transeunte boémio numa vida "malina".

Faço das lágrimas o líquido que sacia a sede,
Aquela vontade de beber o impossível,
Aquele desejo intemporal, aquela metade,
Que sempre existe , quando se é sensível.

Continuo a pensar sobre viver...
Estar vivo, não é o mesmo que ir vivendo,
Viver é ver mais do que eu já vi,
É sentir mais do que os pensamentos;
Ir vivendo é ver o que se está perdendo,
É pensar mais que os sentimentos.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Topadas da Idade

Intrometo-me em conversas de adultos,
Vivo uma mão cheia de troças.
Ando nas ruas de pés descalços;
No Inverno, de calções e de botas,
Na Primavera e Verão, de "golã".
P'ra Igreja, inocentemente bem vestido...
Sentado, sossegado, Jesus e a sua oração.
(Naquele lugar nada é divertido!).
Cedo em casa, regras sem prazo;
Vestir o pijama, antes de dormir, rezar...
Misturar os pés, o frio não aquece.
Leis semeadas num vaso!
Finalmente livre, sonhar!
O sonho finda-se e o dia aparece,
Vestir à pressa que agora é real!
Bom dia "pfessora"! (falta-me as peúgas?).
Estes números só me fazem mal,
Cálculos de giz, educação severa,
Por mim criavam bolor;
Prefiro as letras às contas,
Se morressem era uma favor!
Mas isto nunca mais acaba? Que horas são?
Sapatas boas, mas de solas rotas.
Meus pés parecem blocos de gelo,
(Se calhar racham e eu fico aqui),
(Na mesma sala até amanhã),
(Não pode, seria um pesadelo),
Ignora-te, tu sabes!
Que chatice, estes trabalhos de casa,
Resultados na ponta de um lápis,
Perguntas de surpresa,
Se eu fosse grande saía daqui,
Apagava os menos , os mais e os dividir,
Escrevia o que estou pensando,
(Com eles só penso em fugir),
Não posso, a realidade não saí dali,
Uma verdade que vai fatigando,
Ela obriga-me e eu não gosto!
Se eu nascesse com a idade que vou ter?
Não sentia as lágrimas no rosto,
Tinha na voz o poder,
De abrir os braços e rasgar,
Atirar sebentas p'ró fogo,
Ter raciocínios para gastar,
Neste tom que me mandas calar!
Sabes, ser criança não é um cargo,
É apenas uma questão de tempo.
Hás-de ver na pele as tuas rugas,
Nas unhas, as topadas da idade,
No recreio, as famosas brigas,
Dos meninos da ruindade.
No chão, vidros de um copo,
Nas orelhas avisos de um pai,
Nos retratos atitudes de uma era,
No cabide, a camisa que já não cai...
Traz à saudade uma vida também,
Que mesmo agora, quem me dera,
Vestir as roupas que já não me servem.

segunda-feira, fevereiro 15, 2010


Ao encontro de sílabas


Ao encontro de sílabas para um verso solto
Ando na companhia da minha solidão
Não percebo quando volto
Não sei se procuro em vão


A caminho de um sitio longe
Corro, a fugir da pressa
Já longe... nem sei que dia é hoje
Dentro de mim só a saudade regressa


Sílabas soltas fogem-me deste poema
Como se o poema fosse eu
Como se as sílabas fossem um lema


Ao encontro de sílabas para um sonho
Procuram os meus olhos, no céu
A poesia que sinto e tenho.

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Mente

Se um ser humano faz da mente o sustento da personalidade, é verdade que quanto maior for o exercicio da mente mais fácil será utilizar inteligente(mente) a mentira. Digo isso, porque a terceira pessoa, do singular, do verbo mentir no presente do indicativo, não é propriamente uma pessoa para se poder confiar, embora a mente seja um dos grandes requesitos da sua personalidade.

O Casamento

Grande parte da população urbana vive em apartamentos. Uns por cima dos outros, têm na letra T o tamanho de um lar que pode, muito bem, ter mais que 3 pessoas a viver nele, mas ser um... T3.
Com a construção avassaladora de edificios ( substantivo coletivo de apartamentos) fica cada vez mais dificil olhar para o céu e não ver janelas.
Para quem viva num apartamento, no 5º andar, será mais fácil sonhar alto?... Ver o mundo de uma prespectiva preveligiada...ficará o céu mais próximo? Para os religiosos fanáticos, será uma ótima (acordo ortográfico!) oportunidade para sentir O Deus tão perto? Sei lá!
Para aqueles que como eu, vivem (ainda) numa casa convencional, com tecto, com quintal, sem o epíteto T?, enfim, para essas pessoas ainda faz algum sentido semântico, sonhar em casar. Casar/casamento deriva do radical casa. Que interessante!
Num contexto mais urbano, para quem queira contrair matrimónio e vá viver para um apartamento, talvez fosse divertido alterar o vocábulo - casar - para « apartamentizar», ficando a palavra apartamento com o mesmo significado de casamento, nos contextos respectivos.