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sábado, março 19, 2011

Ser pai é ser

Se a um impulso o aceito,
Outra coisa nasce ainda.
No seu começo está a emoção;
Do seu fim chega a razão,
À superficie tenho-te no peito,
Bem no fundo guardo-te no meu coração.


Adio sonhar quando penso em sentir!
Nisto que conservo e não é meu,
Terno a quem se revê no céu;
Opaco a quem aos poucos se deixa cair...!
Nesta luta de sentir, herdo de meu pai.
Imaginação suspensa na verdade que sai,
Onde a realidade ensina a entrar.

Pai é o homem que criei dentro de mim.
Análogo a ti, meu pai, meu fundamento,
Compreender-te acompanhou-me assim.
Horas a fio na busca de ser eu proprio,
Enquanto do esforço, davas à vida,
Cansado do dia, bendito alimento...
Outro tempo ja passou e pai serás sempre.

Foste momentos, palavras e entoação.
Uns esqueci, outras guardo num som de paz.
Recordações de inocência e da idade,
Toldada em estrofes de uma educação,
Amado e defendido como rimas,
Dadas à poesia da vida, e então,
Ofereço a este poema, tu, Pai!

Ser pai é ser igual no ser,
É ser diferente por seres o meu,
É ser espaço, é ser alma, é ser nada e tudo,
É ter filhos e a todos nós, nos querer,
É ser ar ...o céu do nosso mundo.


José António Braga Furtado

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