Páginas

sábado, outubro 30, 2010

As indefinições do amor

No interior do ser que há em mim, há romantismo,
Não uma corrente literária qualquer,
Mas um desejo que guardo em mim mesmo,
Sem saber bem como, sem compreender.

Por vezes lembro-me de amar,
Não por me ter esquecido de o fazer,
Mas, porque no amor obrigo-me a pensar,
Nas palavras que sinto e naquelas que tenho de dizer.

Amo o silêncio mesmo sem a ausência dos sons,
Assim fico mais perto da necessidade de amar.
Parecendo desperto em pensamentos a sós,
Lá estou eu, outra vez, deixando-me amar.

O amor vem ter comigo e trás consigo indefinições,
Deixa o ar quente ardendo sem lume,
Faz da vulgaridade desse dia um misto de sensações,
Que a paixão desconfia e o amor no seu jeito do costume.

quinta-feira, outubro 14, 2010

O (A) Poet(is)a e eu.

No que sonho ou passo,
É também o que me faz lembrar de ti...
E os meus gritos de amor, cruzando o espaço,
Desaparecem nele, e, amor, sei que te senti.

Eu tenho lido em mim, sei-me de cor.
A imaginar ou a pensar os versos;
E às vezes entre o torpor,
Perco-me nisto, nas coisas sem sons.

Não acredito em nada. As minhas crenças,
Cansa sentir quando se pensa.
Mais do que coisas e muitas outras,
Há uma solidão imensa.

Tênue passar das horas sem proveito,
À descoberta de mim tão perto dos outros.
Tortura do pensar!Triste lamento,
Da voz morta, sozinha em vários espaços.


José António Braga Furtado



Este poema tem nove versos meus, os restantes pertencem a Fernando Pessoa e Florbela Espanca.
Extraídos dos poemas, Isto, Ela canta, pobre ceifeira, Às vezes entre a tormenta, Cansa Sentir Quando se Pensa,Assim, sem nada feito e o por fazer, de Fernando Pessoa; Anseios, o meu mal, Aos olhos d'ele, É um não querer mais que bem querer*,Angústia, de Florbela Espanca; Amor, Dom, O tempo urge, Não são sonhos, Superego, três versos soltos, da minha autoria.

*verso de Camões que serviu de titulo para dez sonetos de Florbela Espanca.

quarta-feira, outubro 06, 2010

Amo as pessoas que sinto

Sinto as pessoas que amo,
Sem pensar na reciprocidade,
Dos nomes, que com a minha voz, não chamo,
Ouço ecos de sensibilidade.


Intervalos de silêncio calmo,
Separam o futuro do passado,
Sinto essas pessoas que amo,
Andam comigo, por onde eu não ando.


Amo as pessoas que sinto,
Sabem as palavras, esta verdade,
Escritas parecem que minto.

Pessoas que amo porque as sinto,
Procuro por elas na abstração da saudade,
E o tempo que levo é-me infinito.